Trilha “W” no Torres del Paine | DIA 4

DIA 4 (03/02/2015)

Glaciar Grey e fim do Circuito “W”

Começamos o último dia do Circuito “W” no Camping “Paine Grande”, localizado em frente ao Lago Pehué. Acordei as 06:30h da manha com um lindo amanhecer, um sol precioso que iluminava as montanhas com seus raios laranjados e avermelhados. Um espetáculo que ficaria gravado em minha memória, devido também a situação em que me encontro. Tomei um café com o amigo que me vem acompanhando nessa jornada, Diego, e organizamos nossas mochilas. O plano era deixar nossas coisas no acampamento mesmo e seguir, tranquilos e relaxados, até o Glaciar Grey. Na recepção nos cobraram $ 3.000 pesos para deixar nossas coisas lá. Não foi o melhor do mundo, mas não tínhamos opção: era isso ou caminhar com um peso desnecessário nas costas.

Seguimos caminhando direção norte e nos esperariam cerca de 10km só de ida e, calculando 3 horas e meia para cada trecho, terminamos com uma caminhada de aproximadamente 8 horas! Somando o sol forte na cabeça, a caminhada se revelou dura e cansativa, mas chegar de volta ao acampamento foi uma satisfação incrível.

O primeiro trecho, até a Laguna de los Patos, é relativamente fácil e monótona, porém depois começamos a ver o glaciar no nosso lado esquerdo e o caminho vai ficando mais interessante, com irregularidades, pedras e bosques, enfim um pouco de tudo. O mais cansativo, porém, foi o retorno com um forte sol de início de tarde. As 14h, por exemplo, estávamos no meio do caminho de volta e cruzamos com muita gente visivelmente desgastada pela ação do sol e do calor.

Valeu a pena chegar neste mirante. Lembrei do famoso explorador italiano, o Padre Alberto Maria de Agostini, que foi um dos primeiros a registrar este glaciar em fotografia, há 100 anos atrás. Nesse registro, é possível admirar o mesmo glaciar, porém quilômetros há frente. Uma forma de entender o processo dos glaciares é justamente olhando para o mesmo nunatak que atualmente se encontra totalmente descoberto e comparando com a foto do padre, onde se encontra parcialmente coberto: é o movimento de retrocesso dos glaciares da Patagonia.

Fim de nossa jornada

Por fim, me encontro caminhando de volta ao Camping Paine Grande. Os 4 dias que se passaram foram intensos.Voltamos eu e o Diego totalmente exaustos mas ainda deu tempo para cozinharmos um macarrão que havia sobrado e seguimos para o pequeno porto de onde tomamos o catamaran de volta para a entrada de Pudeto (ver mapa aqui). Essa volta nos custou $ 15.000 pesos chilenos, relativamente caro, porém conveniente levando-se em consideração que se não fosse assim, teríamos que caminhar de volta por volta de 3,5km. Já que tinha um dinheiro sobrando, resto do salário correspondente ao 1° mês de trabalho em Australis, nada melhor do que fazer esse trajeto navegando. Além disso, a vista é incrível!

Já tinha meu bilhete de volta, então foi só descer do catamaran e seguir para os ônibus. A volta foi tranquila, onde pude apreciar as últimas vistas deste lindo Parque e da lua cheia que novamente aparecia detrás das montanhas. Por volta das 22h cheguei em Puerto Natales e acabei ficando no mesmo hostal perto da estação de onbus, pagando $ 10.000 pesos chilenos (com café da manha incluído, por supuesto).

Cumprido assim esse recente objetivo de minha jornada, descansei satisfeito pensando nessas tantas descobertas pela Patagonia, região mais austral das Américas. O Parque Nacional Torres Del Paine vai ficar em minha história como um sucesso de caminhada com muito peso nas costas, 4 dias realizando o circuito “W” com lindas paisagens de montanha e um que de superação, equilibrado com bastante positividade e paz de espírito. Atualmente, me encontro de volta ao meu emprego, o de Guia de Expedição nos cruzeiros Australis, descobrindo Tierra Del Fuego.