EXTEMPORALE ZONE
Reprasentation der Ewigkeit in jedem augenblick Uchronie vor Utopie
Você imagina o que pode significar a Bauhaus para um designer?
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Can you imagine what could mean the Bauhaus for a designer?

Falar sobre gestalt, arte, arquitetura, artes plásticas, design, disciplina, conceito e educação sem lembrar da influencia da histórica presença da Bauhaus nas artes aplicadas?
«A forma segue a função», disse certa vez o arquiteto proto-moderno Louis Sullivan. Este principio do design funcionalista foi uma das práticas mais aplicadas na fundação e consolidação desta escola, resultado de embates filosóficos e artísticos no campo das artes aplicadas, e daria vida a um verdadeiro estilo arquitetônico e artístico, contribuindo de forma grandiosa ao estabelecimento de disciplinas como Arquitetura e Desenho Industrial na sociedade ocidental. E é por isto que este humilde viajero que vos escreve neste momento, o faz com certa paixão e admiração, quase um orgulho de haver podido conhecer o Bauhaus-archiv Museum für Geltaltung em Berlim, Alemanha.
No contexto das profissões ligadas ao projeto, a forma segue a função parece expressar um claro bom senso. Ou seja, para atender as necessidades gerais da sociedade, o projetista deve configurar a forma a partir da função específica do objeto a ser produzido. De uma certa maneira, a visão funcionalista pode libertar a forma de uma miopia projetual, mas pode também, em uma análise mais atenta, ser um princípio problemático.
Fonte: Wikipédia
Uma das questões que mais me fascinam com relação a Staatliches-Bauhaus é que nos referimos a um período de intensa mudança na idealização, linguagem e comunicação de objetos e artes aplicadas, como bem lembram os edifícios projetados pelo próprio fundador da escola, o arquiteto alemão Walter Gropius, entre os anos 1919 e 1933 . Estas construções tinham a função primordial de difundir os preceitos estabelecidos na escola, apresentando espaços funcionais, projetados com linguagem moderna e “atemporal” e, acima de tudo, com o poder simbólico que transforma a Bauhaus em uma verdadeira relíquia dentro da história da Arquitetura e do Design.
Fundada em 25 de Abril de 1919, grandemente subsidiada pela República de Weimar, governo vigente na Alemanha nesta época, a Bauhau teve, durante sua existência, 3 sedes em diferentes cidades alemãs: primeiramente Weimar (1919-1925), Dessau (1925-1932) e, por fim, Berlim (1932-1933), onde sofre as consequências de ser considerada uma «escola comunista» pelo regime nacional-socialista.
[…] Em 1933, após uma série de perseguições por parte do governo nazista, a Bauhaus é fechada, também por ordem do governo. Os nazistas opuseram-se à Bauhaus durante a década de 1920, bem como a qualquer outro grupo que não seguisse sua orientação política. A escola foi considerada uma frente comunista, especialmente porque muitos artistas russos trabalhavam ou estudavam ali. […]
Fonte: Wikipédia
Ao longo destes anos, artistas e artesãos – lembrando que o principal preceito da escola era verdadeiramente aplicar as artes e os oficios na projetação de objetos funcionais e belos, reconhecidos quase que por sua essência e, por assim dizer, sua beleza interior – criaram dentro desta escola verdadeiros ateliês de artes e ofícios, gerando debates filosóficos e artísticos acerca dos bens de consumo e como estes deveriam ser projetados da melhor forma para ampliar seu consumo pela sociedade. Daí quem sabe ter chamado a atenção do poder totalitário nas mãos de Adolf Hitler e teve seu fim marcado pelas difíceis condições políticas e sociais vigentes na Alemanha dos anos 30 e 40. Muitos de seus professores e alunos tiveram que mudar-se para países com melhores condições de vida, como Estados Unidos e Suíça, e muitos continuaram aplicando seus ideais na sociedade. E este é o maior legado que a Bauhaus deixou para nossa história.
Apesar de ter passado por diversas alterações em seu perfil de ensino à medida que a direção da escola evoluía, a Bauhaus, de uma forma geral, acreditava que os seus próprios métodos de ensino deveriam estar relacionados às suas propostas de mudanças nas artes e no design. Um dos objetivos principais da Bauhaus era unir artes, produzir artesanato e tecnologia. A máquina era valorizada, e a produção industrial e o desenho de produtos tinham lugar de destaque.
Fonte: Wikipédia
Como descrever projetos arquitetônicos e de design, como as poltronas projetadas pelo arquiteto alemão Mies van der Rohe, que visando a otimização dos recursos e processo na fabricação de um bem de consumo, gerou uma verdadeira “inovação” (pensando que este termo nem existia na época x-) para solucionar e criar uma cadeira vendida hoje como artigo de luxo. Ou ainda pensar na contribuição de artistas gráficos como o pintor e fotógrafo húngaro László Moholy-Nagy, o famoso pintor russo Wassily Kandinski ou o artista e poeta suico (naturalizado alemao) Paul Klee, que hoje temos como referencia consolidada na nossa linguagem visual e artística.
Como chegar na Bauhaus-archive Museum
O arquivo da Bauhaus em Berlim se encontra facilmente localizada entre o bairro central de Berlin-Mite, caminho sul do Tiergarten, este grande parque no centro da cidade.
Berlim, como já sabemos, é uma cidade fantástica e seus museus realmente são incríveis. São necessário ao menos 5 dias nesta cidade, principalmente se sua intenção é conhecer os museus da cidade, que são muitos e diversos. E foi no museu da Bauhaus que decidi comprar meu Museum Pass Berlin, passe livre para vários museus custando 19,50 EUR.
ATENÇÃO: Leve em consideração que as entradas para museus valem entre 8 a 12 euros, ou seja, com 3 museus já valeu a pena – mas lembre-se de checar na lista dos museus se os que são interessantes pra você estão nela, pois existe outro cartão também.
De fato, o Bauhaus-archive estava dentro dos meus planos pois, como designer industrial que sou, não poderia deixar de conhece-lo. A pena mesmo é que não é possível tirar foto da exposição localizada em uma ampla ala do edifício, repleta de registros históricos, protótipos e maquetes de diferentes projetos idealizados na escola, mostrando a diversidade da escola: partindo da arquitetura, passando pelas artes aplicadas, fotografia, pintura, desenho industrial e chegando até mesmo à musica e ao teatro, nos deparamos com resultados estranhos, poéticos, engenhosos ou simplesmente funcionais e inovadores. Sabemos bem que o conceito de beleza é subjetivo e é por isso que neste relato deixo claro que não se trata somente disso. Estamos falando de algo mais profundo e ancestral, até mesmo inconsciente. E os resultados mostraram à sociedade que nosso intelecto construtivo poderia servir para algo mais.
E, cá entre nós, em tempos de “prédio de vidro” e especulação da vida urbana, nada mais sensato que pensar não só na função dos objetos que nos rodeiam mas também pensar em nossa função dentro da existência coletiva.

As fotografias do edifício externo da Bauhaus-archive Museum pertencem ao Viajandonaviaje.com, porém as demais imagens foram encontradas em GoogleMaps.
Viajando na Viaje, Jul 2016 .:. Designing the future