Viajar é sempre um desafio. Como fazer, onde, porque, com quem… Muitas perguntas que se encaixam formando um universo de possibilidades e desejos. Para alguns, o viajar também é uma maneira de viver e de ser. E há 4 anos, este humilde viajante que vos fala, Felipe «Pipo», tem se aplicado em viajar de diferentes maneiras: trabalhando, com amigos, sozinho, de trem, a pé…
Foi em 2017, em uma pausa entre trabalho e viagens e durante um verão europeo, que tudo começou: com a bicicleta, uma nova forma de viagem me abriu os horizontes e me deu uma nova oportunidade de explorar este universo… A bicicleta tomava importancia como meio de transporte, como companhia, como desafiadora, como desejo…

Mas e como fazer? Que bicicleta escolher? Roupa, comida, onde, como? Porque?!
Neste post vamos falar um pouco disso…sem muito tecnicismo (até porque eu nao tenho esse perfil), sem muita ciencia, sem muita dificuldade.
Primeiro de tudo, porque França?
Era um objetivo meu pessoal e profissional aprender o francês. Como há 4 anos me dedico ao turismo, o público francês está sempre presente e este foi minha intenção: comunicação e interação, aprender coisas básicas, perguntas, diálogos… E após um periodo de curso, me joguei na sela de minha bicicleta chamada Amélie D’Aubergines (pra quem ainda nao a conhece, fica a dica procurar aqui no viajandonaviaje.com) para cumprir um traçado de 2.000km, partindo de Toulouse e finalizar em Paris, capital do país. Além de aprender a língua, utilizei as incríveis redes virtuais Couchsurfing (que facilita viajantes de todo o mundo a conseguir um «couch» ou sofá para dormir) e a genial Warmshowers (parecida ao «couch», mas dedicada a viajantes em bicicleta). Estas redes são gratuitas, fáceis de acessar e permitem esse intercambio essencial para quem deseja aprender mais sobre a cultura e as pessoas do lugar. Aproximadamente 90% da minha viagem foi baseada nestas redes e sou um entusiasta desta forma de viajar.
Considero também a França um país bastante «bikefriendly», com certo respeito ao ciclista e muita acessibilidade entre cidades, com muitas ciclovias e pistas distribuidas em seu territorio. Não é a toa que conheci muita gente (cada uma mais original do que a outra) apaixonadas por esse estilo de viagem e muitos estrangeiros fazendo o mesmo. Além disto, existe projeto Eurovelo um projeto genial e original de conectar a Europa por meio de ciclovias.

Dito isto, parti para meu plano: viajar pela França o máximo possível, de bicicleta, usando redes virtuais solidarias para me alojar… A próxima questão foi só decidir POR ONDE PEDALAR e já era!
Planejando
O planejamento geral desta cicloviagem nao foi tão difícil quanto esperado. Já tinha uma certa experiencia da viagem do ano anterior (veja aqui a Cyclovoyage 2017), já tinha minha bicicleta, já tinha o lugar… O que resta é agora ver sua capacidade de pedalar, calcular uma média de quilometragem que você poderá fazer, as cidades principais na rota que você desejar visitar, comprar artigos importantes para a viagem.

Comprei os alforjes da marca Ortlieb 40L (20L cada, marca alemã, alta qualidade e credibilidade), impermeáveis e práticos para montar e desmontar da bicicleta. Além disso, já tinha decidido nao levar minha camera fotográfica profissional (sim, a maioria das fotos e videos que você verá desta viagem foram feitos com meu Iphone 7) pois na viagem anterior descobri que exige um pouco mais de cuidado e atenção, e preferi nao levá-la. Como pode-se ver na imagem anterior, também levei comigo esta pequena bolsa abaixo do guidom, com artigos importantes para a bicicleta (camera de ar, ferramentas, etc), além do celular, algo de dinheiro, barra de cereal, coisas deste tipo. E, por fim, também transportava uma outra bolsa negra em cima dos dois alforjes com coisas mais acessíveis (um recambio de roupa, comida, protetor solar, etc). Nesta distribuição das coisas também estava a barraca, saco de dormir, colchonete inflável, travesseiro inflável e alguns outros objetos para acampamento. Estava pronto, 100% seguro e decidido a partir.
Como ferramenta de navegação usei sempre o bom e velho Googlemaps (aplicativo no celular) e o suporte de alguns mapas mais específicos que ia achando ao longo da rota. Tudo bem que não é 100% fiel, mas o Googlemaps ajuda muito mesmo. Em alguns casos fornece até a altimetria e as rotas opcionais (pelo menos na França, né).
Pedalando
Os primeiros dias são sempre os mais difíceis. O corpo ainda nao está acostumado, os músculos ainda estão frios, você ainda se sente cansado, a postura nao ajuda… Várias dificuldades que você precisara enfrentar. E provavelmente esta é uma das principais questões com relação a uma Cicloviagem: dificuldades virão e você precisara lidar com isso!!

Após alguns dias, depois de encontrar muitos ciclistas e viajantes, você verá que não está só, que tem muito mais gente fazendo isso (e até mais!), que você precisa se cuidar mais na alimentação…e que, la no fim, nada é impossível!
Le sentiment de fragility qui habite le cycliste aiguise son attention au monde. Il le partage avec la gazelle et bénéficie en retour, comme elle, de ce supplément d’exaltation à vivre chaque instant, commun à toutes les espèces menacées…
Pedalei em média de 80km diarios. Alguns mais longos, como por exemplo o recorde de 127km (é muito, desnecessário inclusive), outros dias por volta de 90km, outros 70km, mas sempre neste ritmo. Lembre-se também que, dependendo de onde você está pedalando, o clima e a duração do dia também sao fatores primordiais. Muito calor nao é bom, pois você desidratará demais e cansará mais depressa. Vento é como se alguém tivesse do outro lado empurrando a bicicleta contra você. Chuva é sempre ruim porque molha né? Pequenos «detalhes» como estes nunca farão de sua viagem algo original e te darão ainda mais satisfação ao cumprir os objetivos. A cada parada, ser recibido por uma familia ou tomar um «warmshower» – banho quente – era um verdadeiro prazer. Nesta condição, damos valor ao pouco e ao pequeno gesto. Um abraço, um sorriso, uma familia… Tudo e todos tomam grande importancia na sua vida/viagem e a retribuição vem em forma de gentileza e humildade pessoal para seguir em frente.

A rota
Estes foram os principais segmentos da rota, seguido com quantidade de noites para chegar no objetivo e a quilometragem aproximada correspondente. Ainda também deixo indicado que grande ciclovia foi utilizada, baseada nas Eurovelos e ciclovias locais e regionais.
- Toulouse – Bordeaux // 3 noites // 260 km (Eurovelo 1 «La Vélodyssée»)
- Bordeaux – La Rochelle // 3 noites // 250 km (Eurovelo 1 «La Vélodyssée»)
- La Rochelle – St. Malo // 6 noites // 430 km (Eurovelo 1 / Canal de Nantes a Brest / Rio La Vilaine / Canal d’Ille-et-Rance)
- St. Malo – Nantes // 4 noites // 280 km (Canal de Nantes a Brest / Canal d’Ille-et-Rance)
- Nantes – Paris // 7 noites // 480 km (Eurovelo 6 / Rio La Loire)
O total desta soma da 23 dias, mas deve-se considerar que em varias destas localidade estive 2 noites ou até mais e também fiz algumas pausas importantes (Mallorca e Nantes, por exemplo). Mas esta foi a rota geral (veja a seguinte imagem)

É isso por agora!
Fico feliz com sua visita no nosso blog e estou disponível para perguntas e ajudas! Também agradeço se puder dar um feedback nas redes em que o ViajandonaViaje.com está ativo! Inclusive, recentemente foi criado o Instagram «Viaje na Bike», justamente para compartilhar bem todo este universo de cicloviagens!
Obrigado e volte sempre!
Atte.
Felipe «Pipo»